Saiba tudo sobre IPO?
- S7 Investimentos
- 24 de out. de 2020
- 7 min de leitura
Atualizado: 30 de mar. de 2021
Vamos conhecer um pouco mais sobre IPOs que é a forma das empresas serem listadas em bolsa e sermos sócios de grandes empresas.
O que é IPO?

IPO é uma sigla para Oferta Pública Inicial, em português. Compreende o momento em que uma empresa abre capital para o mercado, oferecendo ações para serem compradas por qualquer investidor na Bolsa de Valores.
Assim, qualquer comprador passa a ter participação acionária na organização e se tornar sócio, tendo que investir a fim de ganhar benefícios e retorno sobre o investimento. Existem duas formas de fazer IPO: distribuição primária e secundária.
Na distribuição primária, a empresa é a responsável pela emissão e venda das suas ações aos investidores no mercado. Nesse cenário, a negociação ocorre entre os futuros acionistas e a empresa, com os recursos indo para o caixa da organização. Já na distribuição secundária, o vendedor das ações é o dono do negócio ou um dos sócios já existentes. Nesse caso, o valor captado é destinado às pessoas que venderam suas partes.
O IPO é uma estratégia que faz parte da jornada de crescimento de companhias, no entanto, é complexo e requer uma análise minuciosa e cuidadosa. Ou seja, é preciso considerar profundamente quais as vantagens e desvantagens do processo de IPO antes de tomar uma decisão.
Quais as principais vantagens do processo de IPO?
A seguir, estudaremos em detalhes as principais vantagens do IPO.
Acesso aos recursos dos acionistas
IPO é, como já falamos, uma oferta que visa vender uma parte da organização a qualquer investidor no mercado. Dessa forma, é uma forma fácil de captar recursos para projetos e para estimular o crescimento da empresa.
É possível conseguir dinheiro para produtos e projetos, expansão em novos mercados, bem como para quitar dívidas e obrigações existentes a fim de garantir a saúde e continuidade da corporação.
Ou seja, é uma boa maneira de levantar recursos necessários de modo a manter o negócio em ordem e viabilizar o investimento em novas abordagens e tecnologias também.
Novos caminhos e possibilidades para o negócio
O levantamento desses recursos permite uma visão mais ampla, com a possibilidade de traçar novos caminhos e explorar oportunidades diferentes para a companhia, visando sempre a evolução.
Um exemplo disso são as fusões e aquisições, que ganham viabilidade com o capital aberto: empresas podem adquirir outras e negociar ações como forma de pagamento, o que possibilita expansão para novos mercados e incorporação de novas ferramentas e tecnologias com o processo de M&A.
Atração de melhores profissionais
Da mesma forma, ações podem ser negociadas como pagamento de profissionais especialistas do mercado. Logo, a corporação passa a atrair também os melhores nomes na área e a conquistar espaço, com maior credibilidade aos olhos dos profissionais.
Ou seja, ser listada na bolsa de valores funciona como uma exposição positiva da empresa, projetando o nome da organização para conquistar novas oportunidades e ser cobiçada por mais pessoas.
Lucro para os proprietários
IPO também é sinônimo de mais lucro para os proprietários: seja pelo crescimento e expansão com investimentos feitos pelos acionistas, seja pela possibilidade de vender e negociar ações a qualquer momento na Bolsa, com uma boa liquidez.
Desse modo, os proprietários lucram e recuperam o investimento que foi feito no negócio no começo, bem como todo o esforço para fundar e estabelecer a empresa no mercado.
Liquidez
Abrir o capital também pode representar uma maneira de as empresas darem liquidez a seus empreendedores ou sócios — ou seja, é uma possibilidade para que eles vendam suas ações a outros investidores do mercado, transformando papéis em dinheiro no bolso.
Você pode estar se perguntando por que um empreendedor poderia querer se desfazer das suas próprias ações. Por uma variedade de fatores. Ele pode estar interessado em criar outros novos negócios, por exemplo — e para isso precisa ter recursos em caixa. Ou pode perceber que, diante dos resultados e perspectivas para a empresa, suas ações estão valendo muito. Embolsar esse dinheiro, portanto, é uma ótima ideia.
Há ainda o caso dos fundos de venture capital e private equity, que se tornam sócios de empresas quando elas estão em um estágio inicial justamente vislumbrando vender suas ações com lucro mais tarde, em um IPO.
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Quando abre o capital, uma empresa precisa adequar seus processos internos e elevar tremendamente o nível de transparência sobre suas operações e resultados. Isso tudo para que os investidores tenham acesso detalhado ao que acontece nela e, assim, possam decidir sobre manter seus recursos aplicados ou não.
Isso normalmente tem dois resultados. O primeiro, um ganho de credibilidade, já que o mercado entende que uma companhia aberta apresenta um grau de governança corporativa mais elevado. O segundo, mais projeção e reconhecimento público, decorrentes da maior visibilidade na mídia e do acompanhamento recorrente por investidores e analistas.
Quais as principais desvantagens do processo de IPO?
Analisaremos agora as desvantagens do IPO.
Burocracia e custos
O processo de IPO é longo e burocrático, chegando a durar cerca de 1 ano. É preciso contar com o apoio especializado de uma instituição financeira específica, o banco de investimentos, e equipes dedicadas a seguir com a operação. Afinal, envolve muitas variáveis e análises, bem como levantamento do real valor da companhia e projeção dos fluxos de caixa, entre outras questões.
Além disso, existem os custos, que podem chegar até milhões de reais, sendo que a empresa deve desembolsar cerca de R$ 1 milhão para se manter com capital aberto depois do IPO. Envolve também despesas com auditoria externa, preparação dos documentos necessários, geração de relatórios e conformidade com as normas da CVM, órgão responsável.
Apurações e regulamentos mais intensos
A companhia com capital aberto passa a ter que responder abertamente para a CVM e deve explicitar suas informações contábeis, financeiras e tributárias, sendo que elas ficam sujeitas à fiscalização e apuração intensa. Assim, é preciso seguir uma forte regulamentação e garantir conformidade, com uma série de documentos e relatórios, como relatório de administração e sustentabilidade, além do balanço patrimonial.
Falta de sigilo
Como a empresa é obrigada a divulgar seus dados, o sigilo do negócio é reduzido. Ou seja, a companhia deve divulgar seus dados particulares, que podem ser expostos, inclusive, para concorrentes. Isso ocorre por conta da necessidade de transparência para os acionistas.
Menos liberdade sobre o seu negócio
Se acionistas podem adquirir uma parte do negócio, eles passam a receber o lucro no balanço anual, mas também ganham poder decisório dentro da organização. Inclusive, é criado um conselho para proteger os interesses dos investidores e as escolhas dos líderes devem ser sempre comunicadas com esse conselho.
Dessa forma, os donos perdem um pouco da liberdade de ação e de direcionamento da companhia, tendo que estar em conformidade com todos os investidores. Ao mesmo tempo, isso envolve maior pressão por crescimento para a empresa, já que ela deve render resultados rápidos para satisfazer os acionistas.
Tipos de ofertas
A oferta de ações em um IPO pode ser classificada de formas diferentes, dependendo da origem dos papéis e do destino dado aos recursos levantados. Saiba mais:
Ofertas primárias
Representam a venda de novas ações emitidas pelas companhias no mercado. O dinheiro obtido nesse tipo de operação vai para o caixa das empresas, que aumentam seu capital social. Os recursos normalmente são usados para a expansão dos negócios, por meio de novos investimentos.
Ofertas secundárias
Diferentemente das primárias, as ofertas secundárias são uma venda de ações que já existiam. As empresas, nesses casos, não realizam um aumento de capital. Os papéis normalmente pertencem a sócios que, por alguma razão, querem reduzir ou se desfazer de sua participação no negócio. Em vez de ir para o caixa da companhia, como acontece nas ofertas primárias, o dinheiro da operação vai para o bolso dos proprietários dos papéis vendidos.
Vale a pena investir em IPOs?
Quem está pensando em comprar ações lançadas em um IPO precisa, em primeiro lugar, avaliar o tipo de investimento que pretende fazer. Seus objetivos estão focados no longo prazo, e o IPO seria uma oportunidade de garantir papéis de uma companhia para mantê-los por bastante tempo, ou são de curto prazo, pensando em uma venda imediata?
Para quem pensa no IPO como uma chance de se tornar sócio de uma empresa e crescer junto com ela, é preciso considerar alguns aspectos. Normalmente, não se possui um histórico longo de informações de uma empresa que está abrindo o capital, justamente porque ela é nova no mercado. O regramento sobre ofertas públicas estabelece a necessidade de apresentar informações sobre os três últimos anos, o que pode dificultar saber como a empresa reage em períodos econômicos distintos.
Também deve-se levar em conta que, por conta disso, os atuais sócios da empresa sabem muito mais sobre ela do que o mercado em geral. Isso representa uma assimetria de informações. É difícil, ainda, saber como a empresa que está estreando na bolsa está em relação a seus concorrentes, principalmente se ela pertencer a um setor com poucas companhias já listadas no pregão.
Por isso tudo, os interessados em investir em um IPO precisam acompanhar de perto as análises elaboradas por especialistas. Eles têm acesso às mesmas informações disponíveis para o público, mas como conhecem profundamente o mercado conseguem entender melhor a situação das companhias e emitir opiniões embasadas sobre elas.
Há, no entanto, investidores interessados em participar de IPOs com o objetivo de rapidamente se desfazerem das ações – no mesmo dia em que elas começam a ser negociadas no pregão. Eles são o que se costuma chamar de “flippers”.
Os flippers existem porque é bastante comum que as ações de uma empresa que faz IPO subam no primeiro dia de negociação. Isso acontece porque, em geral, a companhia só avança com o processo de abertura de capital quando sente que o mercado está aquecido.
E se esse é o caso, é possível (ou até provável) que a demanda pelos papéis continue grande mesmo depois do período de reserva e do bookbuilding.
Quanto mais interessados houver em comprar as ações, maior é a tendência de que as cotações subam logo no início da negociação. No Brasil, há casos de papéis cujos preços avançaram mais de 20% só no primeiro dia.
Como me preparar para um processo de IPO?
Uma das etapas importantes na preparação para o IPO é o valuation. É fundamental que a empresa faça uma análise minuciosa dos aspectos financeiros e contábeis para levantar um preço justo do negócio como um todo, o que permite a divisão dos valores de cada ação.
Esse processo de avaliação leva em conta fatores como as projeções do fluxo de caixa e o patrimônio líquido da companhia, logo requer uma organização maior das finanças. Vale destacar também a importância de uma investigação geral dos aspectos financeiros, legais e fiscais, com o processo de Due Dilligence.
Da mesma forma, é imprescindível submeter o negócio a uma análise de riscos, que considera fatores internos e externos para considerar se é realmente lucrativo fazer uma Oferta Pública Inicial.
Questões como estagnação do mercado, incertezas da economia e políticas governamentais devem ser analisadas para que a empresa seja capaz de predizer suas condições e entender se é viável oferecer parte das ações para investidores externos.
O procedimento de IPO é longo, burocrático, mas, quando bem-feito, pode agregar vantagens incríveis para as empresas. A possibilidade de levantar recursos para o crescimento e investimento em novas oportunidades, bem como para realizar fusões e aquisições, pode ser exatamente o que a companhia precisa no momento. No entanto, deve-se considerar as desvantagens, como a perda de parte do controle da corporação.
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